Fórum de partilha de leituras da Biblioteca Escolar da Escola Básica D. Domingos Jardo. Leia, comente e partilhe...
terça-feira, 21 de novembro de 2023
História de Portugal de Cor e Salteada, de Maria João Lopo de Carvalho
História de Portugal de Cor e Salteada, de Maria João Lopo de Carvalho, Editor: Lua de Papel, setembro 2023
Sinopse:
"O que faziam os nossos antepassados? Andavam, basicamente, à paulada. E faziam-no sobretudo entre eles. De resto, fizeram-no em datas tantas que o melhor é esquecermos aqui as que não nos brindaram com feriados. Não que lhes faltassem inimigos externos e ameaças naturais, mas a preferência pela pequena intriga caseira, pela pancadaria de proximidade, parece acompanhar-nos desde os primórdios.”
Assim começa esta História de Portugal de Cor e Salteada: a toque de caixa. Só termina a 25 de Novembro de 1975, quando um general sisudo, de cabelo bem lambido, decide pôr ordem na casa. Entre um momento e outro, Maria João Lopo de Carvalho brinda-nos com os acontecimentos chave que fizeram de Portugal o país com as fronteiras mais antigas da Europa.
A autora passa célere da pré-história aos árabes, leva-nos de caravela à descoberta do mundo, relembra Alcácer Quibir, narra o fim do império. E ela própria se junta à festa, e não poupa um ou outro açoite, sobretudo aos espanhóis. Versão plena de humor e ironia, mas rigorosa também, não perde tempo com datas maçudas ou dinastias completas. Fica-nos o crème de la crème, estrangeirismo franciú aqui regado com picante nacional.
É ler, saborear, e chorar por mais!
Para aguçar a curiosidade …
Para aguçar a curiosidade, partilhamos alguns excertos deste divertido livro, logo a começar pelos títulos dos capítulos.
PARTE I > O Nascimento de Qualquer Coisa Muito Antiga
Capítulo 5, p. 23 - Blá blá blá… (A língua portuguesa) (p. 23)
«(…) ainda antes do século I a.C., as incontáveis línguas que aqui se mesclavam umas com as outras num indecifrável “blá, blá, blá” tinham sido varridas para a poesia sideral pelo latim misturado com o árabe, a sul do rio Douro; e pelo dialecto galaico-português, a norte do rio Douro. - o das cantigas de amigo, de amor e de escárnio e mal-dizer. A bem dizer, as cantigas eram todas de mal-dizer ou de mal-escrever, tal era a trabalheira que davam a decifrar (…)»
«O português, filho do latim, língua viva que nem sardinhas na rede, língua repescada em muitos mares e a saltar em muitos pratos, foi desde cedo regado com azeite árabe. E se almoçamos, somos altruístas, gostamos do Algarve e bendizemos ou maldizemos a tribo das saltitantes papoilas benfiquistas, foi porque os mouros alcançaram a Hispânia e deixaram algures as suas marcas e os seus salamaleques…».
Capítulo 10, p. 36 - Portucale, terra de ninguém: o recomeço da porrada (A conquista do território)
«Foram anos e anos nisto. Em 740, nobres, senhores feudais e soldados cristãos ainda continuavam à batatada pela “Reconquista”, e durante cinco séculos, o que hoje se chama Portugal esteve num constante vai-não-vai entre Maomé e Cristo: os reinos cristãos aconchegados mais a norte e os islâmicos de Al-Andaluz mais a sul, alternando-se a presidência entre cristãos e muçulmanos. Até que o resultado começou a inverter-se a norte, na fronteira do Douro, e os adeptos de JC, ganhando ânimo, foram descendo para o Mondego, e para o Tejo. Porém, a coisa complicou-se e os mouros só foram escorraçados de vez no século XII, com a vitória dos exércitos cristãos por uma goleada sem precedentes a que se somou a inesperada reconquista do Algarve, louvado seja Deus!»
PARTE III > Homem ao Mar
Capítulo 4, p. 107 - Enfim, renascidos! (O Renascimento)
«É aqui que entra em cena uma novidade clássica: o Renascimento. E o nosso D. João II ia ser um “mestre na moderna arte de reinar”. (…) nas passerelles que ditavam a moda, a Antiguidade era o top model do momento.»
«(…) com o vaivém das caravelas a funcionar como publicidade não paga, Portugal andava nas bocas do mundo (civilizado e por civilizar). Por aqui, estava tudo impecavelmente organizado, com check lists para os embarcadiços e debriefings para os pilotos, de forma que botassem cá para fora tudo o que tivessem visto, medido, desenhado, recolhido. Até parecia que estávamos no estrangeiro, tal era a eficiência.»
PARTE VI > Luzes! Câmara! Acção!
Capítulo 4, P. 196 - 1755: A única data que, até à data, nos fez realmente tremer
«Pouco passava das 9h30 da manhã, de sábado, 1 de Novembro, dia de Todos os Santos, quando Lisboa ao desaparecer do mapa, entrava definitivamente para o mapa da sismologia.»
Logo ao segundo minuto dos oito de terror, desabavam as primeiras casas e soltavam-se os primeiros gritos de “Misericórdia!”
Mas em lugar da Misericórdia implorada vinha um segundo abalo e tombavam as velas das igrejas. Lisboa ardia e os alfacinhas corriam para a rua sem cabeleira, de saiote, em camisa, descalços, o que fosse, com a terra a fugir-lhes debaixo dos pés (…) Dirigiam-se, por instinto, para a maior praça da cidade, onde esperavam que o céu não lhes desabasse em cima. Porém, pelas 10h30, três ondas seguidas (a maior tinha menos 20 metros do que o canhão da Nazaré, mas era claramente insurfável) engoliam quem lá estava e todo o Cais das Pedras (…)».
Parte IX> Da longa noite à madrugada
Capítulo 6, p. 309 - A guerra quente e a guerra fria
«O que o doutor António menos queria era que a Espanha de Paco se juntasse à Alemanha de Adolfo e à Itália de Benito e lhes segredasse ao ouvido que em Portugal é que se comia e bebia bem. Não havia férias para ninguém: os Estados Unidos lutavam para sair da depressão provocada pelo crash de 1929 e os países europeus lutavam para ultrapassar o horror e a devastação da Primeira Grande Guerra de forma a poderem entrar na Segunda de uniforme a rebrilhar e de armas limpas e polidas.»
A História continua. Divirtam-se a (re)descobri-la com este divertido livro, lançado em setembro de 2023! A autora sabe a História de Portugal de Cor e Salteada e apresenta a sua versão bem-humorada, e bem fundamentada, do nosso passado coletivo. Com tantos anos para trás, não faltam episódios para recordar.
Mais uma curiosidade!
Na rubrica "Prova Oral", podem seguir a conversa entre Fernando Alvim e a autora Maria João de Carvalho.
Vão gostar!
quinta-feira, 29 de junho de 2023
Eu Podia Ter Feito Isto!, de Gary Panton e Jocelyn Norbury
O Dia Em Que Escapámos aos Nazis, de Ivan Sciapeconi
O Dia Em Que Escapámos aos Nazis, de Ivan Sciapeconi
Editorial Presença, janeiro de
2023
Sinopse:
Este livro baseado numa história verídica, é uma narrativa comovente de quarenta crianças e jovens que fogem da Alemanha nazi, conseguem encontrar refúgio em Itália, mas são obrigados a fugir novamente.
Não é mais um livro sobre a Segunda Guerra Mundial, mas sim um testemunho do amor e da generosidade de algumas pessoas, que arriscaram e sacrificaram as suas vidas para ajudarem estas crianças e jovens que perderam a família, a casa, a pátria e encontram-se sós e desemparadas no Mundo. Só assim, é que este grupo consegue ter uma réstia de esperança e escapar ao massacre, sobrevivendo ao terror da guerra.
Este livro conta-nos a história de um grupo dessas crianças e jovens, que, em 1942, chegam a Villa Emma, em Nonantola, perto de Modena (Itália) tendo fugido da Alemanha nazi, com a ajuda de membros da associação Youth Aliah, fundada por Recha Freire (salvaram cerca de 7000 crianças judias).
Em Emma, este grupo passa a ter aulas, faz várias atividades e os mais velhos aprendem ofícios. Naquele local, não têm de estar identificados com estrelas amarelas nos casacos, não há guetos e dormem sem medo, durante a noite.
Mas, no dia 8 de setembro de 1943, as tropas nazis começam a chegar a Nonantola, e o grupo tem de tentar escapar novamente. “Desta vez, não estão sozinhos, têm uma comunidade inteira a ajudá-los. Mas como poderão enganar as tropas de Hitler? De que forma conseguirão fugir? O padre de Nonantola tem um plano, um engenhoso plano, em que toda a aldeia terá de participar”.
O que irá acontecer? Só lendo o livro é que ficará a saber.
Vale bem a pena, pois é uma história que toca o coração, baseada em acontecimentos reais e narrada por uma criança. Emociona o leitor, mas também dá esperança e mostra que todos juntos, conseguimos construir um mundo melhor.
Uma Aventura para o Fim de Férias, de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada
Uma Aventura para o Fim das Férias, de Ana Mª Magalhães e Isabel Alçada
Editora Caminho, março de 2023
Sinopse:
Uma
Aventura para o Fim das Férias, publicado
pelas escritoras Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, é já o n.º 66 da
conhecida coleção “Uma Aventura”.
Desta vez, os protagonistas (Pedro, João, Chico, as
gémeas Teresa e Luísa e os cães Caracol e Faial) ganham, num concurso, uma
estada num ótimo hotel, onde decorre a aventura que inclui um passeio de barco,
uma tentativa de rapto e uma tempestade …
Podemos desvendar um pouco da história, mas para
ficares a saber tudo tens de ler o livro!
Logo na primeira noite, mal se tinham instalado,
Ricardo, o filho da dona do hotel sofre um acidente e os nossos heróis
acompanham-no até à chegada da equipa de resgaste. Em jeito de agradecimento, a
mãe de Ricardo convida-os para dar um passeio de barco. Mal adivinhavam que o
irmão da dona do hotel, tinha engendrado, juntamente com um grupo de
malfeitores, um plano para raptar Ricardo, de forma a exigir um valioso resgaste.
Entretanto, durante o passeio, ocorre uma enorme tempestade
e tudo se complica. É nessa altura, que os nossos heróis começam a desconfiar
que alguma coisa estranha se estava a passar.
O que irá acontecer? Será que a equipa de resgaste marítima poderá ajudá-los? Como acabará esta nova aventura?
quarta-feira, 5 de abril de 2023
O que se faz no teatro?, de Duarte Silva
O Que Procuras Está na Biblioteca, de Michiko Ayoama
A Fada das Multiplicações, de João Pedro Mésseder
A Intuição da Ilha-Os dias de José Saramago em Lanzarote, de Pilar del Río
Nem é preciso voz, de Armando Quintero e Marco Somá
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023
Indomáveis - Como Tomámos Conta do Mundo, de Yuval Noah Harar
Indomáveis - Como Tomámos Conta do
Mundo, de Yuval
Noah Harari
Editor Booksmile, setembro de 2022
Sinopse:
Indomáveis–Como tomámos conta do mundo
é o título de uma série literária, sobre as sucessivas revoluções
protagonizadas pelos seres humanos, desde o momento em que, há 2,5 milhões de anos, éramos
apenas símios a viver na savana e começámos a usar utensílios de pedra, até
à época em que nos tornámos semelhantes a deuses, voando em aviões e naves
espaciais. Os humanos têm um superpoder e usam-no para criar estranhas e
maravilhosas coisas – desde fantasmas e espíritos, a governos e sociedades.
Somos conquistadores e insaciáveis, criativos e destrutivos. Numa palavra,
indomáveis!
Esta fantástica aventura imersiva, conta aos mais jovens a história impressionante dos animais mais poderosos do planeta, salientando que o mundo em que vivemos não tinha de ser como realmente é. As pessoas "fizeram-no" assim, mas podem mudá-lo.
Convida os jovens a descobrir porque é que o dinheiro é o conto de fadas mais bem-sucedido de sempre, como é que o fogo fez encolher os nossos estômagos, e o que é que o futebol nos diz sobre ser humano.
Esta é a história da humanidade, contada de uma forma inédita, com anões, cobras gigantes, um Grande Espírito Leão que vive nas nuvens e o dedo de uma criança com 50 mil anos que revela os mistérios das nossas origens.
O estilo de escrita de Yuval Noah Harari é acessível e empolgante, usando uma linguagem simples, carregada de humor, para explicar algumas das questões mais sérias e complexas sobre o nosso planeta e a humanidade.
Independentemente da idade que o leitor tem, esta obra é para ser apreciada por qualquer pessoa que coloca questões, como: Quem somos? Como aqui chegámos?
segunda-feira, 30 de janeiro de 2023
Carta aos Líderes do Mundo, de Maria Inês Almeida e Flávia Lins e Silva
Carta aos Líderes do Mundo, de
Maria Inês Almeida e Flávia Lins e Silva
Porto Editora, agosto 2022
O livro Carta aos Líderes do Mundo é, sem dúvida, um apelo urgente de salvação do planeta Terra. Sofia, uma menina com apenas 12 anos, através das suas genuínas e sentidas palavras lança um apelo e pede auxílio a todos para que a "Terra" saia do mundo dos "Cuidados Intensivos". Apesar de Sofia, ser uma menina bastante jovem, ela pressente e sabe que o tempo de agir é "agora", nos tempos atuais.
É necessário identificar, compreender os aspetos ambientais e ter plena consciência que as atividades, produtos e serviços realizados pelo Homem têm impactos ambientais associados.
Chegou a hora de intervir!
Desta forma, apela aos Líderes do Mundo que melhorem o sistema de gestão ambiental, implementando medidas, definindo objetivos para melhorar o desempenho ambiental, efetuando os controlos necessários e verificar periodicamente o estado de cumprimento. Alerta ainda, que para se alcançar os objetivos é necessário a ajuda de todos.
As alterações climáticas, a poluição dos mares, a desflorestação, a falta de humanidade, a existência de guerras e a sobreposição de interesses individuais à sobrevivência global são algumas das preocupações desta menina, que também apresenta soluções para garantir o futuro do “Planeta Azul".
A mensagem é grave e relevante. Cada dia que passa é precioso para que se efetive a mudança de mentalidades e atuação.
Para Sofia, é imperativo que as crianças transmitam as preocupações que sentem sobre estes problemas aos adultos, para que estes dediquem e deem a devida importância à proteção da Terra, e consequentemente, à Humanidade.
Através de um texto poético e bem-humorado as autoras do livro abordam e apresentam um "diagnóstico à saúde" do Planeta Terra, expondo conclusões que são alarmantes.
Um livro a não perder, pela mensagem de sensibilização sobre o meio ambiente e os problemas globais!
segunda-feira, 2 de janeiro de 2023
O Rio Infinito, de Mia Couto
Sinopse:
O Rio Infinito é um livro infantil, inspirado numa história tradicional africana que narra a história de uma família pobre, constituída pelo pai Kalunga (que era escultor), a esposa Kianda e os seus três filhos.
Certo dia, o Sol não brilhou e mundo
cobriu-se de escuro e de frio. A família deixou de poder caçar e plantar. Então,
Kianda pensou que era preciso contar histórias aos filhos, alimentando-os
assim, de contos. Mas, como não conhecia nenhuma, partiu pelo mundo à procura
de histórias. Durante essa jornada encontrou diferentes animais da savana, mas
todos recusaram contar-lhe uma história, mas, ela não desistiu e continuou a
caminhar. Chegou a uma praia e deparou-se com uma tartaruga gigante. Esta, ao
ouvir o seu pedido, levou-a ao fundo do mar, onde moravam os espíritos do
oceano, que tinham histórias para contar.
O rei e a rainha dos espíritos aceitaram
o pedido, sob uma condição: só dariam histórias, se em troca, recebessem algo
que lhes mostrasse como era o grande Mundo em Terra. Kianda regressou a casa e pediu
ao marido a sua mais bela escultura. Quando voltou ao fundo do mar, a rainha e
o rei contemplaram a obra de madeira e nela descobriram os encantos de um reino
que desconheciam.
Conforme o prometido, entregaram a
Kianda um enorme búzio, que encostado ao ouvido, contava uma história.
Kianda retornou a casa e os filhos
ficaram admirados com o misterioso e incessante sussurro que vinha de dentro do
búzio. Ouviam o mar, o rio de todos os rios, o primeiro de todos os ventres e
então, o Sol regressou à savana e o tempo do escuro, da fome e do frio foi-se
embora para sempre.